Depois de mobilizar a sociedade para debater a educação na cidade e o FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o movimento colaborativo ‘São Gonçalo Vale a Luta’, realizou no sábado (26), um encontro virtual que debateu a importância de políticas públicas municipais e direitos que garantem a qualidade de vida da mulher gonçalense.
A luta por equidade, respeito e porque não dizer pela sobrevivência tem sido o grande desafio das mulheres desde a idade média quando eram perseguidas e queimadas, desde às sufragistas que foram às ruas para conquistar o direito ao voto aos dias atuais na luta por justiça por Marielle Franco e a garantia de direitos já adquiridos. De acordo com o site Elas no Congresso, foram 331 Projetos de Leis (PLs) referentes aos direitos das mulheres propostos em 2019, muitos destes não era focados em avançar direitos das mulheres.
Segundo a Coordenadora do Setorial de Mulheres do Movimento Mais Primavera, Rayane Nunes, a plenária de Mulheres surgiu da necessidade que as mulheres do movimento ‘São Gonçalo Vale a Luta’ sentiram de debater pautas femininas. “Nossa cidade é carente de políticas públicas que protejam, incentivam e acolham as mulheres. A cidade não possui um Centro especializado para atendimento e apoio jurídico e psicológico, são poucos projetos que incentivam a profissionalização e geração de renda, nossas demandas e direitos ficam reduzidos a cargo de uma mera subsecretaria, sem fórum ou espaço para debater e defender o que acreditamos. Foi um evento importante onde tivemos a oportunidade de nos unir e criar esse movimento que agregou mais e mais mulheres gonçaleneses com o objetivo de fazer nossa voz ser escutada, disse Rayane.
Foi apenas em 1910 que nasceu o primeiro partido Feminino no Brasil, o Partido Republicano Feminino, como ferramenta de defesa do direito ao voto e emancipação das mulheres na sociedade, e em 1932 foi que as mulheres conquistaram o direito ao voto. Desde então a luta por igualdade de salários e outras pautas vem sendo pleiteadas pelas mulheres brasileiras, sobretudo as que vivem nas periferias das cidades.
De acordo com o professor geografia, Oscar Bessa, os postos de saúde são precários, sem atendimento especializado (como ginecologista, nutricionista e psicólogo), sem exames de rotina (pélvico e de mamas). Faltam pomadas ginecológicas, preservativos e vacinas de HPV em todas as localidades de saúde. Deveria ter distribuição de absorventes e anticoncepcionais nos postos de saúde, além do essencial, como preservativo feminino. “A situação do Hospital da Mulher é catastrófica, há falta de ultrassonografia, leitos e até acompanhamento pós-parto. Falta de obstetras de plantão, fazendo com que grávidas esperem até os doutores ¨decidirem¨ chegar. Só há opção de parto cesariana quando o caso é grave, fora isso, a mulher não tem a opção de qual método de parto ter seu filho. A situação é tão feia que não há copos descartáveis nos corredores do hospital. O encontro foi fundamental para envolvimento da sociedade na discussão sobre as políticas públicas para as mulheres”, disse Oscar Bessa.
A violência contra a mulher que antes era pauta de muitos debates, ações de prevenção e conscientização, nos últimos meses tem crescido devido ao aumento no número de casos de violência contra a mulher durante a quarentena da pandemia de Covid-19. É necessário pensar nas mulheres como pilares da sociedade, realizar ações que garantam a qualidade de vida da mulher e que levem o necessário debate para sociedade entender o feminismo e as conquistas das que antecederam as mulheres dos dias atuais.
Uma ação simples é criar um grupo para reunir as amigas, vizinhas, primas, colegas de trabalho e promover uma roda de conversa bem feminista para dialogar sobre assuntos pertinentes aos direitos das mulheres.
Sobre o Movimento
“São Gonçalo vale a luta”, é um movimento colaborativo que tem como objetivo mobilizar e dialogar com a população e os movimentos sociais, a respeito de alternativas para os problemas que enfrentamos em nosso cotidiano na cidade de São Gonçalo.
Comments